Foram anos de rumores, saídas em falso e curtos-circuitos. Mas finalmente a China e o Vaticano assinaram um acordo histórico que torna definitivamente mais próximo o degelo das relações diplomáticas, rompidas desde 1951, quando Mao Tsé-tung expulsou o núncio apostólico e os missionários católicos da República Popular. O primeiro passo tem caráter religioso e consiste no reconhecimento por parte do Vaticano de 7 dos 60 bispos nomeados pelo regime chinês durante as últimas décadas, e que a Santa Sé se recusava a legitimar. Chega assim ao fim uma etapa em que duas Igrejas paralelas conviviam: a oficial (controlada da Associação Católica Patriótica) e a clandestina (pelo Vaticano). Pequim considerou até hoje uma ingerência que as nomeações viessem de Roma, e não reconhecia a autoridade do Papa como chefe da Igreja Católica. A Santa Sé, por sua vez, não aceitava que esses bispos fossem impostos pelo regime comunista, algo que não acontece em nenhum outro país.
As duas Igrejas passarão agora a ser uma só, e a última palavra sobre os bispos, supõe-se, será do Pontífice. Entretanto, a decisão será tomada conjuntamente, seguindo propostas de Pequim, informaram algumas fontes. O acordo, cujo conteúdo não foi publicado, é provisório e será periodicamente revisado e aperfeiçoado (fala-se em dois anos com primeira experiência), informou a Santa Sé em nota oficial. Assinaram o documento o subsecretário para as Relações Internacionais do Vaticano, Antoine Camilleri, e o vice-chanceler chinês, Wang Chao. Com a habitual prudência, o porta-voz do Papa, Greg Burke, especificou o objetivo do acordo: “Este não o final de um processo. É o começo. Isto surgiu através do diálogo, da escuta paciente por ambos os lados, mesmo quando se vinha de posições muito diferentes. O objetivo não é político, e sim pastoral. Permitirá aos fiéis terem bispos em comunhão com Roma, mas ao mesmo tempo reconhecidos pela autoridade chinesa”.
A concessão da Santa Sé, pouco habituada a oferecer tanto terreno nas negociações com outros Estados, foi notável e altamente criticada por vários setores da Igreja —especialmente algum dos bispos que durante anos viveram na clandestinidade e perseguidos pelo regime, como Joseph Zen, ex-arcebispo de Hong Kong. O secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, rebateu as críticas nesta sexta-feira defendendo a pertinência de um passo deste tipo. O acordo, supostamente, agora obrigará alguns desses prelados a entregarem seu cargo aos escolhidos pela China. Em troca, o regime reconhecerá o Pontífice como chefe único da Igreja Católica, e haverá uma só instituição no país, como explicou Parolin em uma mensagem por vídeo. “Pela primeira vez, hoje, todos os bispos na China estão em comunhão com o Santo Padre, com o Papa, com o Sucessor de Pedro […]. É necessário unidade, confiança, e é necessário termos bons Bispos que sejam reconhecidos pelo Papa, pelo Sucessor de Pedro e pelas legítimas autoridades civis de seu País. E o Acordo vai nessa linha.”
O acordo com a segunda maior economia do mundo —que, segundo o comunicado, “cria as condições para uma colaboração mais ampla em nível bilateral”— coincide com a chegada do Papa à Lituânia, dando início a uma viagem pelos países bálticos. Um momento pouco propício para um anúncio desse porte, que ofusca o resto da sua agenda e deixa a visita em segundo plano. Um elemento a mais que leva a pensar no nível de imposições da China nesta longa negociação, que também encontra neste avanço um elemento de pressão a mais em sua guerra comercial contra os EUA.
O Vaticano, entretanto, tinha muito interesse em virar a página de um período de distanciamento em relação ao país onde o protestantismo e o catolicismo mais crescem, e onde poderia ter um enorme reservatório de fiéis e vocações eclesiásticas. Pouco a pouco, o gigante asiático avança na ocupação da hegemonia cultural e política à qual os EUA vêm renunciando pelas mãos de seu presidente, Donald Trump.
Há na China 12 milhões de católicos oficiais e 40 milhões de cristãos, embora alguns especialistas calculem que a cifra real poderia ultrapassar os 88 milhões de militantes do Partido Comunista da China. Esse país, segundo as estimativas do professor Yang Fenggang, da Universidade Purdue em Indiana (EUA), poderia ter até 2030 a maior população cristã da terra, com 247 milhões de crentes. Entretanto, atualmente há mais de 30 bispos clandestinos, escolhidos pelo Vaticano, mas carentes do reconhecimento do Governo. Alguns estão inclusive encarcerados, como o bispo de Mindong, Vincent Guo Xijin. O problema se dá em ambas as direções, porque o Governo chinês também nomeou outros sete bispos que o Vaticano considerava ilegítimos e que foram excomungados pela Santa Sé.
A operação foi muito complicada. Desde o pontificado de Bento XVI houve gestos contínuos nessa direção que permitiam intuir alguns avanços. De fato, Francisco rompeu em 2014 com décadas de frieza ao enviar um telegrama de saudações na sua passagem pelo espaço aéreo chinês a caminho da Coreia do Sul. A partir daí, o Papa argentino fez dessa uma prioridade de seu Pontificado. Em maio deste ano, a China deu de presente ao Vaticano duas obras do pintor Zhang Yang e pôs em marcha a chamada “diplomacia da arte”, que implicou também os seus museus. Pequim, por sua vez, havia emitido sinais contraditórios. O presidente Xi Jinping expressou em várias ocasiões sua desconfiança sobre ideologias procedentes do estrangeiro, e durante seus primeiros cinco anos de mandato endureceu fortemente o controle sobre a sociedade civil, as minorias étnicas e as religiões.
O outro grande entrave para o avanço definitivo é Taiwan, que a China considera parte inalienável de seu território e com a qual não está disposta que seus sócios mantenham relações diplomáticas. Esse deveria ser o segundo grande passo para a normalização definitiva dos vínculos. A Santa Sé é um dos poucos países que reconhecem diplomaticamente a ilha como um Estado. Aliás, Taiwan é um ponto estratégico para o Vaticano na Ásia: embora apenas 300.000 pessoas (1,55% de sua população) pratiquem o catolicismo, sua presença é visível através de universidades como a Fu-jen e a Wenzao. O vice-presidente Chen Chien-jen é um de seus fiéis. Mas fontes vaticanas já informaram em outras ocasiões que esse seria um problema menor se houvesse como superar a questão dos bispos.
A operação chinesa é crucial para a Igreja em um continente onde, depois da África, mais crescem os fiéis e as vocações cristãs. Antigos redutos importantes, como a América, retrocederam com o tempo, e o catolicismo (uma das cinco religiões que Pequim reconhece oficialmente, junto com o protestantismo, o islamismo, o budismo e o taoísmo) perde terreno frente a correntes como as evangélicas. Mas, além disso, o acordo do Vaticano com a segunda maior potência econômica do mundo é uma peça fundamental na disputa entre os EUA e a China e no avanço do país asiático para ocupar o espaço hegemônico que Trump começou a abandonar com o protecionismo norte-americano.
Fonte: EL PAÍS
Uma funcionária esfaqueou três bebês em uma creche em Nova York nesta sexta-feira antes de cortar os próprios pulsos e ser levada sob custódia, informou a polícia.
A mulher não identificada, que também esfaqueou dois adultos no incidente no bairro de Queens, estava em condição estável, disse Juanita Holmes, chefe-assistente de patrulha do Departamento de Polícia de Nova York, em entrevista coletiva.
A polícia não tinha detalhes sobre um possível motivo.
A funcionária de 52 anos é acusada de esfaquear duas meninas e um menino, com idades entre três dias e um mês, segundo a polícia. Todos os três foram hospitalizados e estavam em condição grave, mas estável.
A mulher também esfaqueou um homem de 31 anos, que se acredita ser o pai de uma das crianças, e uma mulher de 30 anos no berçário noturno, conhecido como Mei Xin Care.
Uma faca de cozinha e um cutelo foram encontrados no local, segundo a polícia.
Holmes disse que nove crianças e vários pais estavam no local particular quando o ataque ocorreu.
Os dois adultos que foram esfaqueados vivem na casa, disse o porta-voz da polícia, Thomas Antonetti, acrescentando que a agressora trabalhava no berçário, mas não morava lá.
Fonte: Reuters
O líder norte-coreano Kim Jong Un afirmou nesta quarta-feira que pode viajar a Seul em um futuro próximo, no que seria a primeira visita de um governante da Coreia do Norte à capital sul-coreana desde a divisão da península, e concordou em fechar um local de testes de mísseis.
“Prometi ao presidente Moon Jae-in que visitarei Seul em um futuro próximo”, disse Kim durante a entrevista coletiva ao final da reunião de cúpula em Pyongyang.
Moon Jae-in, que visitou a capital norte-coreana com o objetivo de relançar as negociações sobre a desnuclearização da Coreia do Norte Península, avaliou que a visita de Kim poderá ocorrer ainda este ano, sempre e quando não a impeçam “circunstâncias particulares”.
O presidente sul-coreano anunciou ainda que a Coreia do Norte aceitou “fechar de forma permanente” a área de testes de mísseis de Tongchang-ri, também conhecida como Sohae, “na presença de especialistas dos países afetados”.
A Coreia do Norte é alvo de múltiplas sanções do Conselho de Segurança da ONU devido a seus programas nuclear e balístico, proibidos, e já realizou vários lançamentos de mísseis a partir de Tongchang-ri.
Mas também anunciou disparos a partir de outras instalações, como o Aeroporto Internacional de Pyongyang, o que relativiza o alcance dos compromissos de Kim.
O presidente sul-coreano afirmou ainda que a Coreia do Norte poderá fechar o complexo nuclear de Yongbyon, desde que Washington adote as “medidas correspondentes”, uma medida também formulada de forma vaga.
Degelo e diplomacia
Moon e Kim se encontraram em abril para uma primeira reunião muito simbólica na Zona Desmilitarizada (DMZ) que divide a península.
Em junho aconteceu o encontro histórico, em Singapura, entre o líder norte-coreano e o presidente americano Donald Trump.
Na reunião de Singapura, Kim reiterou o compromisso norte-coreano a favor da desnuclearização da península, mas sem entrar em detalhes.
Washington e Pyongyang divergem sobre o que significa exatamente o compromisso.
O governo americano exige “uma desnuclearização definitiva e completamente verificada”, enquanto o regime norte-coreano quer uma declaração oficial dos Estados Unidos para encerrar a guerra da Coreia, que terminou em 1953 com um simples armistício.
Neste contexto, uma visita de Kim a Seul — inédita desde o fim da guerra — permitiria ao Norte e ao Sul a retomada de projetos de cooperação.
O dirigente norte-coreano deseja que seu país se beneficie da potência econômica do Sul, enquanto Moon pretende afastar da península o fantasma de um devastador conflito intercoreano.
Modernidade
O jornal Rodong Sinmun, órgão oficial do Partido Comunista que governa o Norte, fez uma grande cobertura da reunião, com a publicação de 35 fotos em quatro de suas seis páginas na edição desta quarta-feira.
A primeira página tem imagens do cumprimento entre os dois governantes no aeroporto de Pyongyang e da aclamação, cuidadosamente coreografada, durante a passagem de Kim e Moon pelas ruas da capital.
Pyongyang quer passar uma imagem de modernidade, o que se reflete em vários eventos previstos no programa oficial.
Nesta quarta-feira, Moon e sua delegação deveriam jantar em um restaurante de frutos do mar recentemente inaugurado ao lado do Taedonggang, o rio que atravessa a capital.
O local fica diante da colina Mansu, onde as estátuas gigantes do fundador da Coreia do Norte, Kim Il Sung, e de seu filho e sucessor, Kim Jong Il, dominam a paisagem.
Moon também deve comparecer a um “espetáculo das massas”, com milhares de figurantes nas arquibancadas do Estádio Primeiro de Maio.
Fonte: AFP
O tufão Mangkhut atingiu o sudeste da neste domingo (16), depois de passar por Hong Kong e Macau e deixar ao menos 100 mortos nas , segundo o jornal The New York Times.
Nesta segunda (17), as equipes de resgate filipinas recuperaram 43 corpos deixados por um deslizamento de terra em uma mina em Itogon, na ilha de Luzon. O prefeito da cidade, Victorio Palangdan, afirmou à imprensa que pelo menos 40 pessoas ainda podem estar presas sob a terra.
As fortes inundações e os deslizamentos de terra causados pelo maior tufão do ano soterraram a mina e quatro barracões onde viviam os mineradores, que ignoraram as advertências da polícia antes da chegada do Mangkhut, segundo Palangdan.
Segundo autoridades locais ouvidas pelo New York Times, com as novas vítimas, o número de mortes deixadas pelo Mangkhut deve duplicar, podendo até mesmo ultrapassar 100 mortes.
Caos na China
Após arrasar as Filipinas, o tufão Mangkhut espalhou o caos nas cidades de Macau e Hong Kong, com pelo menos 200 feridos, e em várias províncias do sudeste da China, onde duas pessoas morreram.
Segundo os últimos dados do Centro Meteorológico Nacional chinês, o tufão mais grave do ano continua se movimentando para noroeste, afetando as províncias e regiões de Guangxi, Yunnan e Guizhou, mas com uma força cada vez menor.
As duas mortes foram registradas na província de Guandong, uma das mais afetadas, onde quase 2,5 milhões de pessoas foram retiradas de suas casas, segundo informou a televisão oficial CCTV.
O tufão chegou às 17h (horário local, 6h em Brasília) de domingo na cidade de Jiangmen, em Guangdong, com ventos de até 162 km/h, segundo a estação meteorológica local.
Horas antes, o Mangkhut tinha passado perto de Macau e Hong Kong, uma das cidades mais afetadas, com 213 pessoas feridas e muita destruição. Mais de 1.219 pessoas foram levadas para 48 abrigos temporários.
Esta foi uma das tempestades mais poderosas da história a castigar Hong Kong. Embora não tenham sido contabilizadas mortes por enquanto, vários danos foram causados pelos fortes ventos e inundações.
Segundo o jornal South China Morning Post, um alerta de advertência de nível alto ficou ativo em Hong Kong durante dez horas, enquanto “os edifícios mais altos balançavam, as janelas se quebravam e os andaimes se soltavam dos arranha-céus”.
O transporte público foi suspenso, assim como os voos do Aeroporto Internacional de Hong Kong, que pouco a pouco está começando a retomar sua atividade.
Na vizinha Macau, que teve que fechar todos seus cassinos, 20.000 casas sofreram com a falta de energia elétrica, várias estradas foram alagadas e pelo menos 17 pessoas ficaram feridas.
Outras grandes cidades como Shenzhen e Zhuhai também sofreram danos. Na província de Guanxi, 228.000 pessoas foram levadas para abrigos e 98 voos foram cancelados em Nanning, a capital da região.
Fonte: Veja.com
Com EFE
Foto: G1
O papa Francisco expulsou no sábado um padre chileno que está sendo investigado em um caso envolvendo abuso sexual de crianças, segundo reportagem da mídia local, em meio a um crescente escândalo de abusos que abalou a Igreja Católica.
A Arquidiocese de Santiago disse que o papa decidiu exonerar o reverendo Cristian Precht, informou o jornal local “El Mercurio”.
Precht era um ex-chefe do grupo de direitos humanos do Vicariato de Solidariedade da Igreja que na década de 1980 desafiou o ex-ditador Augusto Pinochet a acabar com a prática de tortura no Chile.
Desde então, o conhecido líder religioso chileno foi acusado de abuso sexual como parte da investigação de denúncias contra membros da comunidade religiosa dos Irmãos Maristas.
Precht negou anteriormente as acusações.
O anúncio do papa Francisco ocorre no momento em que a polícia chilena faz operações em escritórios da Igreja em todo o país andino em busca de novos casos de abuso sexual ou provas de que funcionários da Igreja ocultaram o abuso das autoridades.
UOL
Uma série de explosões de gás atingiu pelo menos 60 imóveis residenciais e comerciais em três cidades do estado de Massachusetts, nos Estados Unidos, nesta quinta-feira (13). Pelo menos quatro pessoas estão feridas. As autoridades atribuem as explosões a uma maior pressão de gás nas tubulações de fornecimento.
O incidente começou por volta das 17h ( 18h em Brasília) nas cidades de Lawrence, Andover e North Andover. A polícia do estado de Massachusetts identificou entre 60 e 100 incêndios e explosões. Até o momento, as explosões não foram atribuídas a atos de sabotagem ou terrorismo.
Segundo o jornal Washington Post, a companhia Columbia Gas, provedora da região, anunciara na manhã de hoje uma atualização das linhas de fornecimento no estado, incluindo na área atingida pelas explosões. Para evitar mais incidentes, a companhia de energia elétrica cortou a eletricidade dessa região.
Os estudantes e professores de uma escola de ensino médio e os pacientes e funcionários de uma casa para idosos, ambos de North Andover, foram retirados dos locais. As autoridades das três cidades afetadas pediram para os residentes e trabalhadores nas regiões com gás encanado para saírem.
O governador de Massachusetts, Charlie Baker, emitiu um comunicado no qual apela para os residentes a prestar atenção às instruções das autoridades locais sobre segurança, remoções e suspensão de uso de gás.
Os incêndios são atribuídos a possíveis problemas com o sistema de fornecimento de gás encanado. O chefe do Corpo de Bombeiros da região, Michael Mansfield, informou que há entre 25 e 30 incêndios ativos na cidade de Andover, além de outros 18 em Lawrence, segundo a rede de televisão CNN.
“Há múltiplos incêndios em Andover. É algum tipo de problema de gás. Pedimos para que os residentes saiam de casa e liguem para a emergência caso sintam o cheiro de gás”, disse o tenente Edward Guy, porta-voz do Departamento de Polícia da cidade.
(Com EFE)
Fonte: Veja.com
Karen White, de 52 anos, estava presa preventivamente por estupros e outros crimes sexuais que teria cometido – contra mulheres – quando ainda se apresentava como homem e se identificava como Stephen Wood.
Como, porém, se autodefine como transgênero, se veste de mulher e usa maquiagem, ganhou o direito de ser transferida para uma ala feminina onde cumpriria o restante da pena – uma vez que, no Reino Unido, autoridades prisionais adotam diretrizes recomendando que, em geral, o local de reclusão deve corresponder ao gênero que os detentos expressam.
Mas ela não havia feito cirurgia de mudança de sexo. E é acusada de ter aproveitado a proximidade com as presas com quem passou a dividir a cela para assediá-las sexualmente poucos dias depois de ter chegado.
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O caso levantou críticas pelo fato de o histórico da presa ter sido desconsiderado em seu processo de transferência e fez ressurgir o debate sobre onde encarcerar mulheres trans com antecedentes de crimes sexuais praticados quando eram homens.
Acusações de violência sexual
Karen havia cumprido um ano e meio de prisão numa ala masculina, quando ainda se identificava como Stephen, por conduta obscena contra um menor.
Durante o julgamento desse crime, ela admitiu que, já na nova prisão, agrediu sexualmente duas das quatro detentas que a acusam de abusos.
Os crimes teriam ocorrido entre setembro e novembro do ano passado e incluído desde assédio sexual e toque indevido até exibição de genitais e comentários impróprios sobre sexo oral.
Vulnerabilidade dupla
O debate agora está centrado em se a autodeclaração de gênero é suficiente para que uma pessoa transgênero seja mantida em presídios femininos ou em celas com outras mulheres.
Os grupos que se opõem a essa autodefinição como critério para definir o local de reclusão alegam que ela traz o risco de homens – que eventualmente se passem por mulheres trans – terem acesso a mulheres vulneráveis.
Ativistas defensores dos direitos das pessoas transgênero, no entanto, afirmam que os presos dessa comunidade já estão entre os mais vulneráveis e são humilhados pelo sistema prisional.
Para Janice Turner, colunista dos jornais britânicos The Times e The Guardian, no caso de White, os antecedentes eram visíveis e poderiam ter sido usados para evitar que ele fosse transferido para a prisão feminina.
“Prender estupradores em cadeias femininas, deixá-los no meio de presas vulneráveis, alumas delas vítimas de estupro, é como colocar a raposa no galinheiro”, escreveu Turner no Times.
A colunista afirma que a segurança das mulheres parece ser menos importante que a “expressão de gênero”.
Frances Crook, gerente-executiva da organização Howard League para a Reforma Penal, argumenta que mulheres em situação de vulnerabilidade estão sendo colocadas em risco por um pequeno número de homens cujo principal interesse é fazer-lhes mal.
“É um debate muito tóxico, mas acho que o sistema prisional tem sido influenciado por conversas extremas e se viu forçado a tomar decisões que têm feito mal às mulheres, tendo colocado os funcionários em uma situação extremamente difícil”, disse ela em um artigo publicado no Guardian.
Mudança de sexo, mudança de prisão
Em julho, quando Karen White se viu diante de juízes no tribunal de Leeds, na Inglaterra, declarou que não havia assediado as detentas já que não se sentia atraída por mulheres. Afirmou ainda que sofria de disfunção erétil.
No entanto, um dos casos pelo qual foi condenada aconteceu justamente quando estava na fase de transição para deixar de ser Stephen e passar a ser Karen.
Crimes sexuais
Frances Crook considera que qualquer um que tenha cometido crimes sexuais ou violentos contra mulheres, que queira ser transferido mas não tenha concluído a mudança de sexo, ou seja, que “ainda tenha o pênis e hormônios masculinos”, não deveria ser colocado junto às detentas.
Segundo uma investigação da BBC, dos 125 presos transgênero em prisões britânicas, 60 estão encarcerados em razão de crimes sexuais.
Estima-se que 25 deles estejam em prisões femininas e outros 34 que nasceram homens e vivem como mulheres estejam em alas especiais para homens que cometeram crimes sexuais.
De acordo com autoridades carcerárias, muitos pediram transferência para prisões femininas.
O Ministério da Justiça pediu desculpas por não ter levado em conta o histórico de crimes de White em seu processo de transferência de prisão e que está revisando agora os seus processos de avaliação.
Um porta-voz do Serviço Prisional disse que “embora tenhamos o cuidado de lidar com todos os prisioneiros, incluindo transgêneros, com tato e de acordo com a lei, estamos certos de que a segurança de todos os presos deve ser nossa prioridade absoluta”.
Fonte: BBC NEWS
A energia nuclear não consegue competir em custos com o gás natural nem com as fontes renováveis e, portanto, precisa da ajuda dos formuladores de políticas que estejam dispostos a promover a geração de energia com baixo nível de emissão como forma de combater a mudança climática, de acordo com um novo estudo de peso.
Para impedir o aquecimento global descontrolado até meados do século, a atual safra de líderes mundiais precisa instituir políticas que reduzam em mais de 90 por cento os gases causadores do efeito estufa que são emitidos pelos produtores de energia, segundo cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês). A maneira mais clara de chegar lá talvez seja colocar um preço nas emissões de carbono e apoiar as tecnologias não poluentes.
“A partir de hoje e nas próximas décadas, o principal valor da energia nuclear é sua possível contribuição para descarbonizar o setor de energia”, afirma o relatório de 246 páginas publicado nesta segunda-feira. “O custo é a principal barreira para que esse potencial se materialize. Sem reduções de custo, a energia nuclear não terá um papel significativo.”
O estudo lança dúvidas sobre a possibilidade de sucesso das tentativas do presidente dos EUA, Donald Trump, de resgatar os deficitários reatores desse país e de desfazer as políticas climáticas. Um caminho mais direto para apoiar a indústria nuclear seria seguir o exemplo de outros países que colocaram um preço nas emissões, seja por meio da tributação direta ou dos mercados de comércio de carbono. Isso daria aos operadores atômicos mais espaço para competir contra o gás, a energia eólica e a energia solar, que são mais baratos.
A fim de estabilizar a mudança climática e manter os aumentos de temperatura bem abaixo de 2 graus Celsius até 2050, as empresas de energia precisam reduzir as emissões de dióxido de carbono de 500 gramas por quilowatt-hora para uma média de cerca de 10 gramas, de acordo com o estudo. Não implementar a energia nuclear pode significar a perda de enormes economias de custos, especialmente em mercados emergentes como a China, que ainda dependem muito da queima de carvão para obter eletricidade.
“O papel do governo será fundamental”, disse John Parsons, codiretor do estudo do MIT, em comunicado. “As autoridades governamentais precisam criar novas políticas de descarbonização que ponham em pé de igualdade todas as tecnologias energéticas com baixo nível de carbono, além de explorar opções que estimulem investimentos privados.”
A avaliação do MIT sobre o setor nuclear apareceu pela primeira vez em 2003 e foi atualizada em 2009. As versões anteriores também defendiam a energia nuclear como uma solução para combater o aquecimento global.
Uma nova geração de reatores pequenos e modulares, que podem ser construídos com projetos padronizados e recursos de segurança, poderia dar alívio ao setor nos EUA e na Europa, segundo o estudo, que aconselha que os reguladores reservem lugares para que os investidores testem protótipos de tecnologias.
Fonte: Exame.com